sexta-feira, 29 de outubro de 2010

País tem 14 mil crianças com HIV

A transmissão ocorre da mãe para o bebê. Menores que convivem com o vírus sofrem com efeitos colaterais dos medicamentos

A aids infantil é uma realidade brasileira. Até 2009, o Ministério da Saúde registrou 14.184 menores de 13 anos vivendo com o vírus HIV. Quase todos foram infectados pela chamada transmissão vertical, que é a que acontece quando a mãe transmite o vírus para o bebê.

Ser portador do vírus, para essas crianças, tem um significado diferente, já que desde o nascimento convivem com a presença dele. "Eu só lembro que tenho esse bichinho quando tomo medicamentos", comentou Bruno, de 9 anos. "A tia me ensinou que os remédios antirretrovirais são os soldados bons que precisamos tomar para matar os soldados ruins que são os bichinhos do HIV", acrescentou.

Assim como Bruno, milhares de outras crianças vivem com o vírus da aids e podem fazer planos para o futuro graças ao coquetel antirretroviral, combinação de remédios para combater a doença.

Entretanto, muitas delas ainda sofrem com os efeitos colaterais provocados pelos medicamentos, feitos, em sua maioria, com formulações para adultos. Além de conviverem com o preconceito.

Para chamar atenção para o tema, no Dia da Criança, a Agência de Notícias da Aids, organização que centraliza e divulga noticiário a respeito da doença, pediu para que menores vivendo com HIV fizessem perguntas para o diretor do Departamento de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco (leia abaixo).

Cartilha

O governo de São Paulo lançou uma cartilha para orientar os profissionais de saúde sobre como revelar o diagnóstico de HIV para crianças e adolescentes. O documento indica quais são as principais informações sobre o atendimento, a melhor forma de acompanhar as crianças e também como lidar com a família da criança, além de sugerir um kit de brinquedos para auxilar a revelação.

O kit sugerido é composto de um boneco, quatro soldados, um tabuleiro e aparelhos médicos de brinquedo, que são usados para contar uma históriarinha que revela o diagnóstico. A criança é transformada em super-herói que precisa combater o vírus.

Diretor fala a crianças com aids

Entrevista com Dirceu Greco, infectologista e doutor em medicina tropical

O senhor acredita na cura da aids?

Desde o começo da epidemia tem muita gente trabalhando na busca de uma cura. É muito difícil traçar algo que faça desaparecer o vírus da aids do corpo. Se você for olhar o tanto que melhorou com relação ao tratamento, verá que hoje as pessoas vivem por muito melhor. Mas ainda se continua uma busca muito grande pela cura.

O senhor já escreveu algum livro ou faz palestras sobre HIV para as crianças?

Eu tenho escrito muitas coisas sobre HIV e aids, mas relacionado com crianças eu nunca escrevi. O Departamento que eu coordeno atualmente tem muita coisa para criança. Livros sobre prevenção, sobre como buscar cuidados... Esses materiais estão disponíveis para quem quiser.

Fala-se na criação de uma vacina. Há algum estudo concreto para isso?

Estudos já existem há muitos anos. O HIV é um vírus muito complexo, e é difícil fazer uma vacina contra ele porque é muito mutável. Seis meses atrás apareceu o primeiro trabalho relacionado a uma vacina anti-HIV que mostrou algum tipo de resposta. Não é uma eliminação do vírus. É um estudo que mostrou, para nós pesquisadores, que somos capazes de chegar a um processo que certamente acabará em descobrir uma vacina.

Fonte: http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2010/10/9777-pais+tem+14+mil+criancas+com+hiv.html

Aspectos subjetivos do HIV/AIDS em Idosos

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de contaminação por HIV/AIDS na população com mais de 50 anos de idade vem se alastrando quando comparada a outros grupos etários minimamente estabilizados. Recentemente, muitas matérias têm sido publicadas sobre o diagnóstico tardio e a busca por tratamento para HIV/AIDS, observando-se a discrepância entre os dados encontrados nos jovens adultos e idosos (Fonte: Folha de São Paulo). Estes têm em sete vezes aumentadas a probabilidade de busca tardia pelo sistema de saúde, acarretando no retardamento do diagnóstico e prejuízo conseqüente ao tratamento da doença.

Apresentado o cenário atual do HIV/AIDS em idosos e tendo em vista a preocupação em melhor atender às suas necessidades, buscar-se-á compreender tais achados sob o ponto de vista das particularidades subjetivas que tomam parte no processo do envelhecimento, enfocando os entraves na vivência da sexualidade como fator desencadeante da maior parte dos casos de contaminação nesta faixa etária.

O envelhecimento apesar de ser processo natural do desenvolvimento humano, implica em mutações importantes, que necessitam de acomodação. Para tanto, é uma necessidade vital, a mediação do subjetivo. Entendemos que para um envelhecer psiquicamente saudável, não se trata de recomeçar, estando aí muitas vezes a dificuldade, quando esta etapa torna-se quebra da continuidade existencial e fator traumatizante, em outras palavras perda de sentido! Recomeçar implicaria em desfazer-se das raízes constituídas e desconsiderar que o atravessamento deste período depende primordialmente das conquistas e saberes constituídos ao longo de todo o desenvolvimento maturacional.

É freqüente encontrarmos na terceira idade, a presença de conflitos ocasionados pelo descompasso entre o “ser” e o “fazer”, quando ao rever a própria história, o idoso encontra um longo passado que invariavelmente projeta o ainda não realizado, o tempo futuro que se encurta. O que em geral ocorre, é que psiquicamente, quando o envelhecer não é integrado ao domínio subjetivo, a percepção do não realizado se equipara a “falta” e o idoso passa a sofrer da sensação de não ter vivido.

Sob o ponto de vista das experiências pessoais, podemos dizer que todo fenômeno orgânico, como por exemplo, HIV/AIDS, ocupa um lugar na dimensão subjetiva e a depender do impacto causado, somos mobilizados em nossa identidade. Na terceira idade o impacto incide na amostra evidente da passagem do tempo que o corpo traz, revelando a finitude e a fragilidade dos seres humanos, em muitos casos nos distanciando sobremaneira da noção de corporeidade e temporalidade constituídas até então, aspectos estes, norteadores de nosso lugar no mundo.

No âmbito da sexualidade, o conflito do envelhecer pode ser observado através da maneira como o sujeito se relaciona consigo próprio e com a vida. Encontramos a presença de atitudes impulsivas, que remetem a prática sexual à via do desempenho como busca desenfreada pelo resgate da identidade temporariamente perdida, quando o sexo é vivido a partir da repetição do fazer. Desta maneira, a pessoa faz uso do corpo como objeto, acentuando a falta de cuidados e a perda do aproveitamento real da experiência. É comum a pessoa se relacionar com o corpo que tem e não com o corpo que é!

O acréscimo da terceira idade às populações de risco na contaminação do HIV/AIDS reflete o posicionamento do homem enquanto mero consumidor da vida e suas possibilidades. Da mesma maneira que a redução do fazer/produzir é sentida como perda da funcionalidade, o idoso pode experienciar com o declínio da eroticidade, a eminência de perda da própria sexualidade. As transformações da vida e do corpo passam a ser “visitas de um estranho” e o idoso tende a estabelecer relações destrutivas consigo próprio e com o mundo na impossibilidade de incorporar esta nova fase da vida.

Quando estas mudanças não podem ser alojadas na esfera total da personalidade e do nosso modo de ser, há a interdição de um viver criativo da sexualidade. Inúmeros descuidos, revelados pela não-aderência ao uso de preservativos e cuidados médicos em geral trazem agravantes a saúde física, sendo porta de entrada á contaminação do idoso. Ao invés de recursos facilitadores de uma atividade sexual saudável, as medidas preventivas (e paliativas) permanecem no imaginário como recursos de aprisionamento do ser.

Ao pensar no idoso com HIV/AIDS, torna-se preocupante a especificidade deste fator aliado a este momento de vida. As dificuldades de enfrentamento da patologia acentuam-se devido ao acréscimo de outras situações que se descortinam: atravessamento das particularidades sintomatológicas e infecções oportunistas, das rotinas médicas e medicamentosas, do impacto na relação conjugal/ familiar frente à lida com o preconceito e busca pela sobrevivência. Surgem com maior intensidade, os medos da morte e da dependência, reedições de temas freqüentes em nossa prática clínica com esta população, sendo fundamental para o idoso reencontrar-se consigo mesmo neste momento.


Fonte:Roberta de Siqueira Meloso - Psicóloga Clínica

Fonte: http://www.crinorte.org.br/artigos/visualizar.php?id=7

sábado, 9 de outubro de 2010

8 de outubro - Dia Nacional de Prevenção ao HIV/Aids no Local de Trabalho

8 DE OUTUBRO - DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO AO HIV/AIDS NO LOCAL DE TRABALHO

O local de trabalho é onde, geralmente, as pessoas passam a maior parte do dia. Transformar o espaço de relações profissionais em ambiente de proteção da saúde inclui alinhar a iniciativa aos direitos humanos de quem vive ou convive com HIV/aids. Dados parciais de pesquisa em andamento do Ministério da Saúde mostram as consequências da exclusão no mercado de trabalho e a importância da data.

Entre 1.246 pacientes de aids de todo o país, 20,6% dizem ter perdido o emprego em decorrência da descoberta da infecção pelo HIV. Cinquenta e oito por cento dos homens que tiveram diagnóstico da doença não trabalham, enquanto a proporção masculina de desempregados na população em geral é de 33%.

A renda média de quem vive com a doença é menor do que a da população brasileira, apesar do maior grau de escolaridade de quem tem aids. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, um paciente com aids recebe por mês R$ 785, enquanto o rendimento mensal do brasileiro em geral é de R$ 936.

Como forma de garantir igualdade e promover ações de proteção à saúde do trabalhador, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou em junho de 2010 uma série de recomendações. Trata-se de princípios para orientar políticas e programas de responsabilidade social na gestão empresarial voltados à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e aids no mundo do trabalho. O documento, aprovado na 99ª sessão da Conferência da OIT em Genebra, pode ser acessado no site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. (clique aqui)

Colocar no mural da empresa mensagens sobre HIV/aids e matérias referentes ao tema, além de ofertar preservativos no local de trabalho, são formas simples, mas efetivas de prevenção. Outra medida lúdica para tratar do assunto é incluir palestras sobre aids na Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT).

A formulação e implantação de políticas para o enfrentamento da epidemia de HIV/aids nas empresas foi tema, esta semana, em São Paulo, do Congresso da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). O evento contou com a participação de integrantes do Conselho Empresarial Nacional de Prevenção ao HIV/Aids (Cenaids). O grupo reúne 15 grandes empresas do país e há onze anos desenvolve programas de enfrentamento à epidemia de HIV/aids no local de trabalho.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ONGs se mobilizam contra criminalização dos portadores do vírus da aids

ONGs se mobilizam contra criminalização dos portadores do vírus da aids

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Organizações não governamentais (ONG) que atuam na questão da aids estão preocupadas com iniciativas para criminalizar os portadores da doença. Para evitar a aprovação de leis nesse sentido, assessorias jurídicas dessas ONGs decidiram hoje (7) incentivar a criação de frentes parlamentares contra a aids. A informação é da assessora jurídica do Grupo Vidda do Rio de Janeiro e de Niterói, Patrícia Rios, que participa, na capital fluminense, de um seminário contra discriminação e a criminalização dos portadores do vírus HIV.

Segundo ela, o objetivo das frentes parlamentares, que seriam formadas em todos os níveis de governo, é atuar, principalmente, na prevenção da doença. O trabalho pela não criminalização dos doentes deverá ser feito de forma “perpendicular”, para evitar o abandono do tratamento e a estigmatização do doente.

De acordo com o Grupo Vidda, crescem as tentativas de condenar judicialmente portadores do HIV pela transmissão do vírus, mesmo quando o contágio ocorre sem intenção, em relações sexuais consensuais, ou quando o parceiro infectado não sabe de sua condição sorológica. "Há uma corresponsabilidade nas relações sexuais. Prevenção é para os dois", defendeu Rios. "Quando assumo uma relação sexual sem preservativo, assumo os riscos".

Segundo a assessora, não há números precisos sobre processos judiciais contra portadores do HIV, já que tramitam em segredo de justiça. Mas um levantamento informal das assessorias jurídicas das ONGs que atendem às pessoas com HIV demonstra que o problema vem se acentuando nos últimos dois anos.

Ao lembrar que três projetos de lei que pretendiam criminalizar os portadores do vírus foram rejeitados em 2008 pela Câmara dos Deputados, Patrícia Rios disse que há países que condenam mães portadoras da doenças que transmitiram o vírus aos filhos durante a gestação. "Querem que elas não engravidem".

Para evitar que leis semelhantes sejam aprovadas no Brasil, a assessora lembra que, das 630 mil pessoas que podem estar contaminadas no país, apenas um terço sabe de sua condição sorológica. Assim, muitos ainda podem passar a doença para os parceiros sem saber.

No caso de situações específicas, quando soropositivos forçam a relação sexual ou a mantém com o objetivo de infectar o parceiro, a assessora explicou que pode haver a criminalização e que o Código Penal tipifica cada caso. "Mas são condutas isoladas", ressalvou.

Professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Grupo Vidda no estado, Jorge Beloqui explicou que, mesmo no caso de contágio, o HIV não é mais uma doença que leva à morte em curto prazo. A expectativa de vida de um paciente em tratamento é de, pelo menos, 17 anos. Com o avanço da expectativa de vida, as ONGs também pretendem buscar parcerias com os ministérios do Trabalho e da Previdência Social para minimizar o preconceito. "A pessoa portadora do HIV está apta para o mundo do trabalho, mas este responde com discriminação a ela", disse.

O seminário contra discriminação e criminalização de portadores de HIV vai até amanhã (8), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro.


Edição: Vinicius Doria